Fonte: ISA | Foto: Gabriel Uchida / Kanindé –
Localizado em Rondônia, território sofre com o avanço da grilagem. Em abril de 2020, em conflito com grileiros, o professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau foi assassinado
Em abril, o monitoramento Sirad Isolados, do Instituto Socioambiental (ISA), identificou 315 hectares desmatados em territórios com povos indígenas isolados. A região mais ameaçada foi a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, que sofreu um aumento de 140% no desmatamento em um mês. Foram identificados 12 hectares de florestas devastadas em um território que deveria estar intacto por se tratar de uma área protegida.
Em 2019, um grande número de invasores adentrou o território, ameaçando povos indígenas em situação de isolamento voluntário. Segundo denúncia dos indígenas e da organização Kanindé, mais de mil não-indígenas estavam ocupando ilegalmente o território nessa época.
As pressões dos invasores têm sido cada vez maiores. Em abril de 2020, em um conflito com grileiros, foi assassinado o professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que também fazia parte de uma brigada de proteção indígena.
Um estudo do Ministério Público Federal (MPF), realizado em junho de 2020, mostrou a existência de 936 registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de terceiros em sobreposição aos limites da TI Uru-Eu-Wau-Wau. A dinâmica de ocupação irregular de terras da União, associada ao desmonte das operações de fiscalização, tem contribuído de forma negativa para a escalada de invasões e desmatamentos ilegais na TI.
Vale lembrar que em diversos territórios, como o da Terra Indígena Caru, os próprios indígenas são os responsáveis por articular a defesa do território. A vigilância comunitária procura monitorar a área para frear o avanço do desmatamento.
Terra Araribóia
Segundo o monitoramento do ISA, em abril houve uma queda de 44% no desmatamento nos territórios monitorados em relação ao mês anterior. Apesar da diminuição, não há motivos para comemorar: as Terras Indígenas continuam fortemente pressionadas pelo desmatamento e pela entrada ilegal de invasores.
Na Terra Indígena Araribóia foram identificados 15 hectares desmatados. Com a diminuição do período das chuvas, os ramais abertos no limite sul da TI facilitam o acesso ilegal de traficantes de madeira. No limite norte da TI, foram identificados alertas de degradação, que foram encaminhados aos Guardiões da Floresta – grupo de proteção e monitoramento formado pelo povo Guajajara e Awá-Guajá.
O território dos últimos sobreviventes do povo Piripkura continua sob forte pressão. Apesar das denúncias de novos focos de desmatamento, feitas desde agosto de 2020, as invasões continuam crescendo. Em março deste ano, foram detectados 518 hectares derrubados, a maior abertura desde então. A velocidade do desmatamento se deve ao uso excessivo de maquinário na área.